Dolce Fare Niente

Certas coisas nunca mudam. O nosso lema será uma delas. "Honesto estudo com muito vinho misturado"

terça-feira, julho 12, 2005

Olha, olha a desculpazinha

Após os lastimáveis resultados obtidos pelos alunos do 9º ano nos exames de Matemática e de Língua Portuguesa, chegou a vez das desculpas, ora dos docentes, ora do Ministério. Os docentes consideram que os exames foram mal preparados pelo Ministério, contribuindo para os maus resultados apresentados. A Associação de Professores de Matemática consideram, por seu lado, que o enunciado do exame nacional do 9º ano à disciplina contribuiu para os maus resultados dos alunos, por ter um grau de abstracção elevado e fazer exigências «dispensáveis». Mais, consideram que «a maior parte das questões exigia um trabalho elaborado de interpretação e análise das situações propostas, com algumas exigências que neste nível de ensino seriam dispensáveis».
Quanto ao Ministério da Educação, admitiu falhas nas condições de ensino para ensinar e aprender, desresponsabilizando professores e alunos.
Quanto a mim, fico com a sensação de que tudo o que foi dito são meras desculpas. Desculpas de quem não quer assumir as suas responsabilidades nesta matéria. Mas mais importante do que atribuir culpas, será preciso analisar o verdadeiro estado do ensino preparatório e da divisão actual dos ciclos de ensino básico. Até porque não percebo a divisão tão gritante que existe entre os vários níveis, a repetição de matérias (sendo mais aprofundadas, é certo) e a falta de uma verdadeira orientação pedagógico-profissional quanto às escolhas dos alunos relativamente ao seu futuro académico e, por inerência, do seu futuro profissional. Não será suficiente analisar os resultados das provas de aferição do 9ºano. Será necessário analisar todo o ensino básico, para tentar perceber o que, de facto, não está bem e tentar apresentar medidas para promover a melhoria das ditas condições de ensino e de aprendizagem, para assim poderem culpar alunos e professores pelo seu mau desempenho.
A minha de ensino básico seria a transformação dos anos entre o quinto e o nono num só ciclo de ensino, no qual seriam leccionadas as várias áreas do saber, divididas entre os vários anos. No final, aquando da passagem para o 10ºano, o aluno escolheria qual a área que pretende seguir, criando-se mais cursos técnico-profissionais juntamente com os de carácter geral, onde as disciplinas leccionadas iriam já de encontro ao que seriam as escolhas para o ensino superior dos alunos. No fundo, os anos entre o quinto e o nono seriam anos onde as pessoas cultivariam o espírito, onde aprenderiam as mais diversas matérias com vista a uma formação geral e amplamente desenvolvida, em vez da visão redutora que lhes é, não diria imposta, mas de certa forma, forçada. Permitiria a criação de pontes de ligação entre os vários ciclos de ensino, não acontecendo como acontece à maioria dos alunos que, quando chegam ao ensino superior, lhes é dito que esqueçam tudo o que aprenderam até ao momento, porque não lhes vais servir de nada. A mim foi-mo dito. E eu apercebi-me que, apesar do esforço feito por alguns professores, não há volta a dar a um sistema que não motiva os alunos a irem ao encontro do conhecimento e não da nota pela nota, por ser a nota que garante o acesso ao ensino superior. Falta aprender metodologias de pesquisa, de trabalho, da cientificidade que deve ser aprendida e exigida o mais cedo possível. Porque me recordo que muitos dos trabalhos que efectuávamos eram copy-paste dos textos que serviam de bibliografia. Por isso considero que, mais importante do que tirar boas notas e ser motivado para isso seria, sem sombra de dúvida, aprender, conhecer, não decorar e memorizar. Sei que é como tudo, há quem queira desesperadamente seguir um caminho e há quem queira aprender e utilizar o conhecimento como uma arma importante para o futuro. Eu sou dos que considero o conhecimento e o estar (bem) informado das armas mais importantes que podemos ter actualmente. Porque nos permite estar um passo à frente e permite as jogadas de antecipação. Tudo com lealdade e sem desonestidade, de preferência. Mas isso já são outras histórias, para outra oportunidade. Por agora, fica este comentário.

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