Dolce Fare Niente

Certas coisas nunca mudam. O nosso lema será uma delas. "Honesto estudo com muito vinho misturado"

sábado, outubro 23, 2010

Ouçam com atenção:

O novo disco do Paulo Praça. Boa música, portuguesa (para quem acha importante a origem da música, mais do que a música em si), e que fica no ouvido… A descobrir para quem não conhece.

Para quem conhece, ouçam porque é mesmo do melhor fado que se criou nos últimos tempos. Estou a falar do novo disco do Camané – Do amor e dos Dias. Provavelmente já devem ter ouvido esta música na rádio, da qual transcrevo a letra. Vejam se a reconhecem:

Guerra das Rosas

Partiste
Sem dizer adeus nem nada
Fingiste
Que a culpa era toda minha
Disseste
Que eu tinha a vida estragada
E eu gritei-te da escada
Que fosses morrer sozinha

Voltaste
E nem desculpa pediste
Perguntaste
Porque é que eu tinha chorado
Não respondi
Mas quando vi que sorriste
Eu disse que estava triste
Porque tu tinhas voltado

Zangada
Esvaziaste o meu armário
E em nada
Ficou meu disco preferido
De raiva
Rasguei o teu diário
Virei teu saco ao contrário
Dei-te cabo de um vestido

Queimaste
O meu jantar favorito
Deixaste
O meu champanhe azedar
E quando
Cozinhei o periquito
Para abafar o teu grito
Eu comecei a cantar

Fumavas
Eu nem suportava o cheiro
Teimavas
Em me acender um cigarro
E quando
Tu me ofereceste um isqueiro
Atirei-te com o cinzeiro
Escondi as chaves do carro

Não queria
Que visses televisão
Em dia
De jogos de Portugal
Torcias
Contra a nossa selecção
Se eu via um filme de acção
Tu mudavas de canal

Tu querias
Que eu fosse contigo ao bar
Só ias
Se eu não entrasse contigo
Saía
Pra não ter de te aturar
Tu ficavas a dançar
Com o meu melhor amigo

Gozavas
Porque eu não queria beber
Ralhavas
Ao veres-me de grão na asa
Eu ia
À festa sem te dizer
Nunca cheguei a saber
Se tu ficavas em casa

Tu deste
Ao porteiro roupa minha
Soubeste
Que eu lhe dera o teu roupão
Eu dei
O teu anel à vizinha
E pla estima que eu lhe tinha
Ofereceste-lhe o meu cão

Foste-te-me lendo
O teu romance de amor
Sabendo
Que eu não gostava da história
No dia
De o mandares pró editor
Fui ao teu computador
Apaguei-o da memória

Se cozinhavas
Eu jantava sempre fora
Juravas
Que eu havia de pagá-las
Põe-te na rua
Dizias-me a toda a hora
E quando eu me fui embora
Tu ficaste-me coas malas

Depois
Desses anos infernais
Os dois
Éramos caso arrumado
Achando
Que também era demais
Jurámos pra nunca mais
Foi cada um pra seu lado

No escuro
Tu insistes que eu não presto
Eu juro
Que falta a parte melhor
Um beijo
Acaba com o teu protesto
Amanhã conto-te o resto
Boa noite meu amor

Letra: Manuela de Freitas
Música: José Mário Branco

Para onde caminhamos?

Provavelmente para o abismo, num país ingovernável, cheio de políticos fracos, gente sedenta de satisfazer e manter o seu poderio económico e social… E a classe média e os menos capazes que se danem…